segunda-feira, 22 de março de 2010
É sempre a mesma coisa, mesmo que mude!
Pensando um pouco sobre os princípios dos quais somos regidos e os princípios dos quais exercemos regência, chego a divagar se de fato as coisas mudam, quando digo coisas, quero me referir às situações, as circunstâncias, as pessoas, os sentimentos associados às pessoas e a trajetória de vida da qual cada um escreve.
Criamos, imaginamos, crescemos, mas lá no fundo tudo acaba sendo sempre a mesma coisa, mas de um jeito diferente, como já dizia Freud, na fase oral eu sentia prazer ao me deliciar com o leite de minha mãe, hoje os prazeres já são outros o sinto na conquista proporcionada pela sedução, nas vitórias conquistadas pelas lutas e no refrigério de uma boa conversa com Deus, que ultrapassa toda experiência consciente.
Acredito e tenho fé que muitas coisas das quais antes fazíamos mudam porque algo fora de nós muda. Quanto a esse ambiente fora de nós quando o digo me refiro aos nossos corpos e ao nosso meio, que envolve as coisas visíveis e as perceptíveis.
O ambiente do ontem não é o mesmo do hoje. Antigamente eu ia para a escola, agora vou para a faculdade, pegando carona com o poema de Fernando Anitelli do Teatro Mágico:
Minha mochila de lanches? É minha marmita requentada em banho Maria!
Minha mamadeira de leite em pó. É cerveja gelada na padaria
Meu banho no tanque? É lavar carro com mangueira
E se antes, um pedaço de maçã. Hoje quero a fruta inteira .
As sensações são as mesmas quando há uma relação de proporcionalidade entre as mudanças que acontecem nos nossos corpos e mentes e o meio onde estamos inseridos. Com o tempo a minha percepção muda, a minha interpretação se amplifica mais a essência de quem sou e de como aquela experiência me afeta, permanece inalterada como a minha vida e a minha sede de sonhar e conquistar.
Sonhamos, mas não é nada fácil, aliás, é bastante difícil em meio a essa selva de desconquistas e desassossegos sonhar e persistir no projeto do sonho. Á medida que fazemos escolhas conscientes, forçadas, e as que fazemos sem saber que as fazemos, inevitavelmente acabamos por nos perder dentro do que sentimos ou interpretamos nas nossas sensações e experiências. Geramos assim uma desassociação do que sentimos com o que pensamos. Alma e coração desalinhados.
Alinhar mente e coração é uma das tarefas mais árduas da vida humana, a tendência desse alinhamento é o equilíbrio e a humanização. É a idealização de um ser - humano que no exercício de ser acaba sendo quase perfeito, 100% alma e 100% coração, entregue a quem é, e ao que sente e pensa.
A situação ainda piora se acrescentarmos as nossas experiências as situações traumáticas, não resolvidas, doloridas e contrárias ao que sentimos e pensamos. A vida assim se torna pesada e a possibilidade de felicidade distante não é de se espantar tantas pessoas sentirem-se hoje estressadas nas suas rotinas extenuantes agindo friamente consigo mesmas e com os outros. Acrescenta-se a essa sopa de misérias humanas as surpresas da vida cotidiana, o complexo sistema capitalista sanguessuga gerado pelo poderoso Leviatã também chamado Estado. É engraçado pensar na variedade de animais que nos prendem, de sanguessugas a leviatãs, colocados desta forma até dá para entender porque nos tornamos tão alienados e presos nessa areia movediça. E mesmo que por um delírio de consciência nos esforcemos por tentar melhorar as coisas e nos ludibriarmos a acreditar que não estamos nós estamos.
Mas... É necessário que acreditemos, é possível sim ser sempre a mesma coisa mesmo que se mude.
Uma das maiores inovações dos últimos tempos no mundo administrativo foi à descoberta de que podemos usar as dificuldades como forma de crescimento, a capitalista sanguessuga até tenta usar isso para crescer mais e ficar forte. Entretanto, ela acabará por se perder. Esse princípio tem a ver com a trajetória da vida e da existência humana, usar as dificuldades é uma virtude não um meio em si, quando a sanguessuga a usa, ela usa como ferramenta e não como parte integrante do crescimento e como já bem sabemos ferramentas viciam, perdem o uso e cauterizam. Quando o sofrimento gerado pela dificuldade é usado de forma íntegra como virtude, evoluímos, a vida se modifica e vivemos novas experiências é assim que atingimos novos patamares em nossas vidas, o sofrimento sempre gerará crescimento. Melhor, a relação de causa efeito é contrária o crescimento gera sofrimento.
É como a cruz para Cristo que é motivo de dor a princípio, mas que produziu eterno peso de glória para Cristo e para aqueles que são por ela exercitados.
Ser quem se é, tem a ver com as escolhas que fazemos.
Escolher o que deve ser escolhido tem a ver com a verdade que vivemos.
Viver a verdade tem a ver com o modelo de viver íntegro que conquistamos, ou que fomos conquistados.
Fomos conquistados pelo amor de quem primeiro nos amou e nos viu como somos.
O amor é o começo e o fim de todas as coisas.
E é com ele que permanecemos os mesmos, mesmo que mudemos.
Tiago Hernane Honório Nunes
22 de março de 2010
18:00h.
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Grande texto meu caro amigo tiago, meus parabéns e continue assim...Diego carrilho
ResponderExcluirOlá Tiago, vc deixou um comentário no meu blog com seu e-mail, mas quando escrevi o e-mail voltou. Se quiser me escrever: sullmaia@gmail.com
ResponderExcluirBeijinhos.
Este comentário foi removido pelo autor.
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